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Janeiro 2024

ARTIGOS DO MÊS

TÍTULO: Early-onset colorectal cancer: A review of current knowledge
Publicado a 28 de Fevereiro de 2023, no World Journal of Gastroenterology
 
REFERÊNCIA:
Saraiva MR, Rosa I, Claro I. Early-onset colorectal cancer: A review of current knowledge. World J Gastroenterol 2023; 29(8): 1289-1303 [PMID: 36925459 DOI: 10.3748/wjg.v29.i8.1289]
 
COMENTÁRIO:
O presente artigo, publicado pelas colegas do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, apresenta-nos uma revisão sobre o cancro colorretal (CCR) de início precoce, definido como o seu diagnóstico em doentes abaixo dos 50 anos de idade.
A incidência do CCR de início precoce tem aumentado surpreendentemente em todo o mundo (1,4% ao ano), tornando-se um problema de saúde pública, ao contrário da incidência acima dos 50 anos, que tem diminuído globalmente nas últimas décadas (3,1% ao ano), provavelmente devido a melhores práticas de rastreio.

Nesta revisão as autoras resumem as evidências atuais sobre as características epidemiológicas, clínicas, histopatológicas e moleculares do CCR de início precoce e discutem a contribuição de fatores genéticos e de estilo de vida.
Destacam também o facto deste aumento de incidência apresentar um efeito de coorte de nascimento, o que provavelmente reflete uma mudança na exposição a fatores de risco ambiental, sendo previsto que sua incidência duplique até 2030.

Evidências de diferentes estudos encontraram algumas diferenças entre o CCR de início precoce e o CCR em doentes mais velhos, em relação à apresentação clínica, localização e características histológicas, sugerindo que se pode tratar de uma entidade distinta.
Além disso, tumores síncronos ou metácronos surgem com maior frequência no CCR de início precoce, mas lesões adenomatosas precursoras são identificadas com menor frequência em comparação com os mais velhos, favorecendo a hipótese de carcinogénese acelerada.
Preditores histológicos de mau prognóstico também são frequentemente encontrados no CCR de início precoce. Os tumores em doentes jovens exibem com maior frequência características histológicas adversas, como diferenciação mucinosa ou de células em anel e tumores pouco diferenciados; invasão linfovascular, venosa e perineural.

No artigo as autoras comentam ainda algumas estratégias para a redução da incidência do CCR de início precoce, como sejam novas estratégias de rastreio tais como a antecipação da idade de rastreio e/ou intervenção nos fatores de risco modificáveis.
Têm também como objetivo consciencializar todos os clínicos sobre a necessidade de reduzir o limiar de suspeita em doentes jovens que apresentem sintomas gastrointestinais de alarme.
 
Rafaela Loureiro
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A colectomia direita com disseção completa do mesorreto e anastomose Intra corpórea por via laparoscópica pode ser considerada atualmente o procedimento eletivo standard para as neoplasias situadas no cólon direito. A abordagem assistida por robótica é uma alternativa que, em centros de maior volume e com a tecnologia disponível tem vindo a ganhar terreno e que poderá eventualmente trazer vantagens relativamente à abordagem laparoscópica em termos de resultados a curto e médio prazo.  São várias as plataformas robóticas que estão a ser implementadas no mercado, destacando-se a plataforma da VinciTM Robotic-Assisted Systems e, mais recentemente a plataforma HugoTM RAS Systems. A primeira plataforma é a que apresenta maior experiência e que deve ser utilizada como referência em termos de abordagem robótica. A plataforma HugoTMRAS, ainda muito recente no mercado, tem grandes potencialidades e poderá vir a ser um concorrente sério à plataforma da Vinci TMSystems.

Este artigo foi selecionado porque se trata de um estudo prospetivo em que são analisados os resultados obtidos em 87 doentes com neoplasias do colon direito (estádios I-IIIc) e que foram submetidos a colectomias direitas curativas ( disseção D2/D3) assistidas por robótica (sistema Da VinciTM) por 7 cirurgiões colorretais experientes (com pelo menos 50 cirurgias robóticas realizadas) pertencentes a 6 instituições diferentes entre julho de 2019 e março de 2022. Os resultados obtidos foram comparados a um grupo idêntico de doentes operados por laparoscopia.
Este estudo teve como objetivo avaliar a segurança e a viabilidade de sistemas assistidos por robótica.
Em termos de resultados, não houve conversão nestes 87 doentes, com vantagem significativa relativamente ao grupo laparoscópico (p=0,0006). No intraoperatório não ocorreram eventos adversos e não houve mortalidade.  A taxa de doentes com complicações grau III ou superior na escala de Clavien-Dindo foi de 4%.

Em termos de conclusões este estudo mostrou a não inferioridade das taxas de conversão entre colectomia direita assistida por robótica e colectomia direita laparoscópica e resultados peri operatórios favoráveis. Assim, este estudo parece demonstrar que o sistema assistido por robótica neste tipo de cirurgia é seguro e efetivo, quando realizado por cirurgiões colorretais com certificação em cirurgia robótica (curva de aprendizagem calculada em 50 procedimentos).
 
Marisa Santos
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