SÓCIOS
Fevereiro 2024

Artigo do Mês – Fevereiro 2024

Stier EA, Clarke MA, Deshmukh AA,et al.
International Anal Neoplasia Society's consensus guidelines for anal cancer screening
Int J Cancer. 2024;1‐9
DOI:10.1002/ijc.34850
Artigo com open access: https://doi.org/10.1002/ijc.34850

 
Comentário:
No passado 31 de janeiro, a International Anal Neoplasia Society (IANS) publicou no International Jounal of Cancer as linhas de orientação para o rastreio do cancro anal. Resultaram do consenso obtido por um grupo de trabalho formado em 2018 e constituído 17 peritos internacionais pertencentes a 6 países, com um amplo conhecimento na área do cancro anal e que incluíam especialistas em epidemiologia, anatomia patológica, saúde pública, doenças infeciosas, ginecologia, cirurgia colorrectal e especialistas em anuscopia de alta resolução.
Estas linhas de orientação foram baseadas em evidências científicas e estudos epidemiológicos. Sabe-se que:
  • A maioria dos carcinomas pavimento-celulares do ânus estão associados a infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV).
  • Estas neoplasias são relativamente raras, no entanto, a sua incidência tem vindo a aumentar nos últimos anos em determinados grupos de risco já identificados.
  • As lesões intraepiteliais de alto grau associadas ao HPV são consideradas lesões precursoras do cancro anal
  • O estudo ANCHOR publicado em 2022 demonstrou que o tratamento destas lesões intraepiteliais de alto grau em indivíduos com HIV pode prevenir o cancro anal.
Ao contrário das recomendações que já foram publicadas no passado por outros grupos de especialistas, estas linhas de orientação destacam-se por:
  • Identificar os grupos alvo a quem deve ser dirigido o rastreio e a idade do seu inicio
  • Referir os testes e metodologia utilizada no rastreio inicial
  • Propor a estratégia a seguir de acordo com os resultados obtidos, sendo fundamental o acesso e disponibilidade da anuscopia de alta resolução.
O texto destaca a importância de realizar o toque rectal (exame digital anorectal) a todos os doentes no momento inicial do rastreio sendo o único método de rastreio no caso de não ter acesso a anuscopia de alta resolução.
É importante salientar que estas linhas de orientação devem ser adaptadas aos recursos disponíveis em cada região nomeadamente a acessibilidade a anuscopia de alta resolução. O futuro deve passar pela criação de centros de referência, com equipas multidisciplinares dedicadas ao rastreio do cancro anal e a anuscopia de alta resolução para um adequado diagnostico e tratamento das lesões precursoras do cancro anal
Sandra Pires
 
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