Locoregional failure during and after short-course radiotherapy followed by chemotherapy and surgery compared to long-course chemoradiotherapy and surgery – A five-year follow-up of the RAPIDO trial.
 
O presente artigo, cuja publicação tive acesso antes da sua impressão definitiva no Annals of Surgery, parece-me de particular interesse e atualidade. Como sabemos, apesar da melhoria dos resultados alcançados de forma progressiva, no tratamento do cancro do reto, particularmente no que diz respeito ao controlo da doença local, o mesmo não se tem verificado com a metastização à distância.

A ideia recente de tratamento neoadjuvante total (TNT) do cancro do reto, tem suscitado imensa discussão. O estudo “RAPIDO” publicado recentemente, veio sugerir a possibilidade de uma melhoria efetiva no controlo da doença à distância, adotando este tipo de abordagem, ou seja, radioterapia de curta duração, seguida de quimioterapia e posterior cirurgia versus a abordagem padrão de quimioradioterapia de longa duração, cirurgia e quimioterapia pós-operatória opcional/condicionada pelo exame histológico da peça operatória.

Este artigo de janeiro deste ano, cujo objetivo foi avaliar o risco e os padrões de falência locoregional em doentes do ensaio “RAPIDO” em 5 anos, vem despertar alguma discussão e controvérsia, apontando para taxas de controlo locoregional, significativamente inferiores com a abordagem TNT, versus abordagem clássica, sem influência na sobrevida global. Após uma ampla apresentação e discussão dos resultados do estudo, que apesar de algumas limitações, constitui uma importante base para discussão, procura, igualmente, sugerir alguns aspetos, para eventual desenvolvimento futuro, de forma a otimizar os resultados.

Os autores concluem pela necessidade de um maior aperfeiçoamento do TNT na abordagem do cancro do reto.

                                                                                              Carlos Casimiro

 
A Diseases of the Colon & Rectum, no seu suplemento especial publicado em dezembro de 2022, dedica-o integralmente ao diagnóstico e abordagem das alterações das bolsas ileais, fazendo com isso uma homenagem ao Dr. Victor Fazio, verdadeiro Mestre e referência mundial nesta área.

A revista aborda uma panóplia de temas, com interesse não só para cirurgiões como gastrenterologistas, nomeadamente na abordagem das “Pouchitis” e nas “Cuffitis”, não esquecendo a sempre controversa construção de bolsas em doentes com doença de Crohn, indicações para cirurgia na colite ulcerosa, abordagem da neoplasia da bolsa e considerações sobre vários aspetos técnicos, entre outros. Apesar de ser um tema que interessa a uma franja menor de médicos, é sem duvida uma boa forma de rever e atualizar muitos princípios.

Entendo que a SPCP, para além de procurar fomentar na classe médica, a necessidade pela permanente atualização, tem, também, um cunho formativo para os mais jovens. Por esta razão e na área da cirurgia, entendi apresentar este artigo, que aborda a construção das bolsas ileais, particularmente os seus aspetos técnicos, princípios e estratégias para sua realização com segurança, lembrando sempre, que no final, o mais importante é a sua funcionalidade, sendo que, uma boa função duradoura, só é conseguida, com uma baixa taxa complicações na sua construção.

                                                                                         Carlos Casimiro

 
A gestão peri-operatória de doentes com doença inflamatória do intestino (DII), na atualidade, requer a consideração e a otimização de numerosos fatores relacionados com o doente e com a doença, a fim de reduzir as complicações, melhorar a recuperação e limitar qualquer impacto psicológico adverso. 
O manejo peri-operatório adequado dos medicamentos, a correção de défices nutricionais, a gestão da profilaxia de eventos trombo-embólicos venosos no peri e pós-operatório, a implementação de apoio psicológico e a melhoria da condição física podem contribuir para uma resposta otimizada à agressão cirúrgica.

A presente Revisão Tópica fornece um conjunto de recomendações práticas de consenso de especialistas sobre os cuidados peri-operatórios necessários para otimizar os resultados de doentes com DII submetidos a cirurgia. É reconhecido que a preparação conjunta por uma equipa multidisciplinar (Programa Enhanced Recovery After Surgery – ERAS) é fundamental para otimizar os resultados cirúrgicos e reduzir a morbidade em longo prazo.